sábado, 27 de abril de 2019

Pessoas otimistas sempre acreditam que tudo vai dar certo

Eu não gosto muito de mudanças. Eu acho que chega a ser um pouco chocante ouvir isso, já que não é usual alguém admitir que não gosta de mudanças. Aparentemente a explicação está nos astros: meu mapa astral muitos aspectos no signo de Touro.
Uma das lembranças mais recorrentes da minha infância eram as mudanças que a minha mãe fazia na disposição dos móveis da casa. Quando a disposição dos móveis deixava de ser nova e se tornava aconchegante e familiar, ela resolvia trocar tudo. Como sempre moramos em lugares pequenos, ela media o tamanho dos móveis com a palma da mão. E nem sempre dava certo porque essa medida não é exata, né? E aí pra desfazer a mudança porque as coisas não encaixaram era uma tristeza só. Um desperdício de força, de tempo e de energia.
Esses dias eu li que pessoas que chegam sempre atrasadas são pessoas otimistas. Elas acreditam que tudo vai dar certo naquele pequeno espaço de tempo que foi calculado mentalmente. Isso significa que se um dia o trânsito tava ótimo e o trajeto pro escritório durou quinze minutos, esse é o tempo-base de duração do trajeto que irá se fixar na cabeça dessa pessoa super otimista. Quinze minutinhos. E aí você tem que chegar se desculpando no escritório, afinal, coisas acontecem. Você torce o pé, você esquece o crachá, o trânsito dá um nó porque os sinais estão desligados, etc. E lá se foram quarenta minutos e você não chegou.
Já a minha irmã é virginiana, sabe? Metódica toda vida, calcula friamente cada probabilidade das coisas darem errado, mede centímetro por centímetro na régua. Eu diria que ela não é das mais otimistas, mas certamente é uma das mais preparadas. Nada pode dar errado e nada dá errado. Nunca.
Sempre gostei da sensação de imaginar que eu sou a pessoa que pensa em todos os detalhes, todas as possibilidades, todos os prováveis cenários. Mas eu acho que sou caótica demais pra ser assim.
Saí de casa tem alguns meses e fui morar em um lugar muito pequeno. Daqueles que você nem imagina que existem por aí. E aí desenhei no papel todas as formas que eu poderia organizar os móveis em meu novo lar. Escolhi a minha favorita e fiz. Só que depois aquela organização estava incômoda. Resolvi que queria minha cama em um canto específico (que não estava no papel) e esqueci de pensar na disposição demais móveis. Peguei a trena e comecei a anotar no celular todas as medidas, até que fiquei impaciente e decidi arriscar na sorte. Virei a minha mãe e não é que ficou tudo bem? Pessoas otimistas sempre acreditam que tudo vai dar certo.

Um comentário:

Vitória disse...

Oi, Raquel. Eu preciso desabafar aqui. Acesso seu blog desde que eu era pré-adolescente. Ele é meu comfort blog. Tudo que você escreve me toca de um jeito muito absurdo e eu sei que deve parecee mega esquisito de se ler isso, ou sei lá. No momento eu estou 100% triste pelas postagens desse blog terem sido apagadas e sei que foda-se, eu não deveria achar merda nenhuma.
Meu sonho é reler uma postagem com o título de Bilhete Azul do seu outro blog. Uma vez copiei e colei ela no world, mas o arquivo ficou salvo num backup que foi parar no computador do meu ex e nunca mais tive acesso. Não gosto muito da expressão, mas não sei outro jeito de dizer que as coisas que você escreve deixam "meu coração quentinho".